[English translation below]
Um caminho é como uma casa:
é necessário abrir a janela, de vez em quando,
para que o ar circule.
O medo neste século, já não é um produto artesanal.
Gonçalo M. Tavares
AULA 11 – SESSÃO 12
TURMA 10.º A
O tempo não é doce. As semanas da Páscoa foram de frio e preocupação. O país está em confinamento, o mundo está em confinamento, estamos todos, estamos em casa, refugiados e abrigados no lar possível, quando há lar. Sem saber muito bem o rumo, também ele perdido. Tivemos que encontrar uma outra bússola, a da criatividade, da genica, da resiliência, da automotivação, das fraquezas feitas força e da vontade de prosseguir viagem. Quando a fragilidade nos arrasta para um tempo comum de desalento… prosseguir… pegar nos papéis…buscar ideias…reconversar…fechar os olhos e tentar outra vez…sair da inércia do medo…fazer qualquer coisa…gestos parecidos com ausência de sentido. O barco à deriva? O naufrágio de uma aventura? Uma onda mais forte apenas? Um pesadelo? Um imenso silêncio em sobressalto. Vamos lá, então, por esta água afora. Sejamos valentes.
Sexta-feira, dia santo, dia de interiorizar, de parar. Dia de reencontro. O Pedro e eu falamos. Combinamos. Temos de recomeçar. Encontramos possibilidades de percurso, vamos devagar. No nosso mapa cabe uma bússola elástica. Calendarizamos a primeira parte da sessão de boas vindas aos nossos alunos. Preparamos a mensagem que enviamos por email e pelo googlehangout. Vamos recomeçar, com insegurança maior, presos a um destino que não adivinhamos. O mar está estranho.
Arriscamos. Navegamos nestes ventos indefinidos e seguimos viagem.
Quarta-feira, dia 15 de abril (1-ª parte)
Tudo a postos. Todos os alunos presentes. Todos atentos. Todos com saudades. Prontos para trabalhar. Navegar. Apresentámos (o Pedro e eu) o método a seguir durante este período de pandemia, e o tema desta sessão, Responsabilidade Social; dissemos o que tinham de fazer, o novo modelo (modalidade de trabalho à distância), as tarefas, a sua organização e calendarização (duas sessões e tarefas distintas para cada uma delas – 1.ª sessão: realização da ficha A (individual + grupo), e ficha B (em grupo) em momentos/tempos distintos da semana; 2.ª sessão (2.º semana): apresentação e discussão das conclusões de cada grupo, na ficha B.
Para nós, é fundamental manter o contacto com os alunos de uma forma geral, e com os jovens desta turma, em particular. Que eles possam sentir e saber que continuamos a trabalhar em conjunto, que partilhamos do mesmo mundo e das mesmas preocupações, que podem contar connosco e com a Escola para prosseguir esta viagem pelo conhecimento, com calma e persistência. Com coragem renovada. O Pedro lançou e organizou todas as tarefas e os materiais de suporte às sessões no Google classroom, esse trabalho de preparação e organização permitiu a concretização deste Projeto, superando dificuldades.
Relativamente à primeira sessão, e ao primeiro trabalho, depois de terem visto o filme, tanto individualmente (todos fizeram e entregaram as suas reflexões no classroom), como, depois em grupo (refletindo, sintetizando e conjugando as opiniões divergentes e convergentes existentes no seio de cada grupo, a produção de um texto conjunto, tendo todos os grupos procedido à entrega de um registo comum, houve o cumprimento integral das tarefas atribuídas.
MAIS PENSAMENTOS – Reflexão in media res
Dias depois… uma semana… 7 dias… quantos?
Ai, mas cansa e às vezes precisamos de uma miragem, de um golo de ar, de pessoas a sério, de conversa livre, de respirar o sabor do passeio na cidade sem porquê, de uma ilha superpovoada, de perceber esta outra maneira de viver, de apenas dançar num abraço, de descalçar esta solidão que se arrasta, de voltar ao que somos. Os solitários dias extensos manipulam o nosso desejo.
Quarta-feira, dia 22 de abril (2.ª parte)
Cá estamos! Desta vez, com a presença da Beatriz (da Universidade Nova de Lisboa, que lidera o DIALLS em Portugal), que convidámos para participar na nossa conversa. O Pedro fez os convites e a turma veio participar. Hoje faltam duas alunas. O Pedro inicia a conversa, damos as boas vindas a todos, focando a participação da Beatriz. Elogiamos o facto do preenchimento e envio da Ficha A da sessão Free Art, individual e em grupo (síntese), por todos os alunos/grupos. Pede-se a opinião dos porta-voz de alguns grupos sobre as imagens que viram, fazendo-se o levantamento de ideias e analisando a mensagem transmitida pelas mesmas. Faz-se também alusão aos trabalhos já realizados na Ficha B, observando-se espaços textuais onde os alunos foram mais ao fundo da questão da mensagem do grafiti. O Pedro incentiva a participação dos alunos, encaminhando a sua reflexão para essa análise mais profunda, a Beatriz também fala e desenvolve o tema, os alunos vão intervindo: arte de intervenção? Restringir ou não a determinados locais? Quando é que há liberdade de expressão? Definindo à priori (por encomenda institucional, por exemplo, um trabalho de grafiti com uma determinada mensagem)? Definindo os espaços de criação? Que tipo de mensagem podem passar os grafitis? Políticas, sociais, económicas (humanas, individuais, estéticas, poéticas, educativas (educação ambiental, sexual, direitos humanos…). Deram-se alguns exemplos, bairros onde o grafiti promove o bem-estar, sensibilizando as pessoas para temas promotores de comportamentos cívicos mais atentos ao outro e responsáveis (violência doméstica; espiritual, ex.: anjo para proteção do bairro; o protesto, o alerta para inquietações sociais…). Este debate virtual, apesar de ser muito mais difícil de gerir do que o presencial, em sala de aula, teve lugar e os alunos foram encontrando um rumo mais original e focado nas contradições e nos exemplos que o tema da sessão contempla. Esta etapa foi positiva. E forte. O mar é denso, mas os marinheiros são astuciosos.
Pedimos, então, a realização do artefacto cultural (o trabalho artístico que solicitamos aos alunos no final de todas as sessões), dando duas sugestões e agendamos o nosso próximo encontro para daqui a duas semanas. Entretanto, os alunos enviarão as três sínteses (Ficha B) e o resultado dos seus trabalhos reflexivos/criativos.
Algures no mar, quase a chegar ao destino…
Obrigada, navegadores, amigos, camaradas de embarcação, não larguem os remos, o mar leva-nos; coragem.
Três trabalhos… MÁSCARAS com MENSAGEM!
por Filipa Barreto, professora
ENGLISH TRANSLATION
A path is like a house:
it is necessary to open the window, from time to time,
for the air to circulate.
Fear in this century is no longer a handmade product.
Gonçalo M. Tavares
CLASS 11 – SESSION 12
FORM 10A
The weather isn’t nice. The Easter weeks were cold and worrying. The country is in confinement, the world is in confinement, we are all in our houses, sheltered and taking refuge in our homes — for those of us who have one. With no knowledge of the route, we get lost. We had to find another compass: that of creativity, grit, resilience, self-motivation, the transformation of weaknesses into strengths, and the will to keep moving forward. When fragility drags us into collective despondency…go on…pick up the papers…look for ideas…rethink…close your eyes and try again…get out of the inertia of fear…do anything…everyday gestures that don’t seem to make sense. The boat adrift? The shipwrecked adventure? A merely stronger wave? A nightmare? An immense, startled silence. Come on, then, through this water. Let us be brave.
Friday, the holy day, the day to reflect, to stop. The day to gather. Pedro and I spoke. We agreed. We have to start over. We found possible routes, let's go slowly. On our map there is a flexible compass. We have scheduled the first part of the welcome session for our students. We prepared the message we sent by email and Googlehangouts. We will start again, with greater insecurity, stuck in a destiny that we cannot guess. The sea is strange.
We take a risk. We sail in these undefined winds and continue on our journey.
Wednesday, April 15 (Part 1)
Everything ready. All students present. All attentive. All missing each other. Ready to work. To sail. We presented (Pedro and me) the plan to be followed during this pandemic period, and the theme of this session, Social Responsibility; we said what they had to do, the new model (remote work), the tasks, their organization and schedule: two sessions with different tasks for each one. The first session: completion of sheet A (individually + in group), and sheet B (in groups) at different times of the week. Second session (2nd week): presentation and discussion of the conclusions of each group on sheet B.
For us, it’s essential to maintain contact with students as a whole, and with each one of the students individually. They need to feel and know that we continue to work together, that we live in the same world and have the same concerns as they do, that they can count on us and on the School to continue this journey through knowledge, calmly and persistently. With renewed courage. Pedro launched and organised all the tasks and support materials for the sessions in the online platform Google Classroom — this preparation and organisation work allowed the Project to solidify despite the difficulties.
Regarding the first session, and the first assignment: having seen the film, the students worked both individually (everyone made and delivered their reflections in the online classroom), and then in groups (reflecting, synthesizing and combining the divergent and shared opinions in each group). Once they produced a joint text, with all groups having submitted a common register, the assigned tasks were fully completed.
Reflection in media res
Days later…a week…7 days…who knows?
Oh, but it gets tiring and sometimes we need a mirage, a breath of air, real people, free conversation, the flavor of walking in the city for no reason, an overcrowded island, to perceive this other way of living, to just dance in someone’s arms, to shake off this loneliness that drags on, to return to what we are. The long, lonely days produce strange and simple cravings.
Wednesday, April 22 (Part 2)
Here we are! This time, with Beatriz (from NOVA University which is leading DIALLS in Portugal), who we invited to participate in our conversation. Pedro made the invitations and the class came to participate. Today two students are missing. Pedro starts the conversation, we welcome everyone, focusing on Beatriz's participation. We commend the fact that everyone completed and sent Sheet A of the Free Art session, individually and in groups (synthesis). We ask the spokespeople of some groups for their views on the images they looked at, surveying ideas and analyzing the message they conveyed. We also refer back to the work already carried out in Sheet B, observing textual spaces where students went deeper into the issue of the graffiti message. Pedro encourages student participation, directing their reflection towards deeper analysis, Beatriz also speaks and develops the theme, the students intervene: art as intervention? Should they be restricted to certain locations? When is there freedom of speech? Should we define graffiti a priori? Should we define the spaces where it can be created? What kind of message can graffiti send? Political, social, economic, aesthetic, poetic, educational (environmental education, sexual, human rights…)? Some examples were given, such as neighbourhoods where graffiti promotes well-being or responsible civic behaviours (exemplified by messages about domestic violence), warns of social unrest, shares spiritual messages (such as an angel to protect the neighborhood…), or engages in protest. This virtual debate, despite being much more difficult to manage than that in person in the classroom, still took place — and the students forged an original course, focusing on the contradictions and examples that the theme of the session contemplates. This stage was positive. And strong. The sea is rough, but the sailors are cunning.
We then asked them to complete the “cultural artefact” — the artistic response we ask students to make after each session — giving two suggestions, and we scheduled our next meeting in two weeks. In the meantime, students will send the three summaries (Sheet B) and the result of their reflective/creative work.
Somewhere at sea, almost at our destination…
Thank you, sailors, friends, companions, don't let go of the oars, the sea will guide us; be brave.
Three artworks…masks with messages!
by Filipa Barreto, teacher